Setor descarta impactos no comércio de carne suína devido a caso de Aujeszky no RS

3 de janeiro de 2023

O caso da doença de Aujeszky confirmado em um suíno de uma criação de subsistência no município de São Gabriel (RS), na Fronteira Oeste do Estado, não deve gerar maiores impactos na suinocultura. A ocorrência está sendo acompanhada pelo Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do Rio Grande do Sul (Fundesa-RS).

Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), frisa que esse foi um evento pontual. “Foi um fato isolado, que em nada compromete, uma vez que o caso registrado está distante da produção industrial de suínos do Estado”, afirma.

Ele ressalta que foi feita a sorologia em aproximadamente 300 suínos, em 180 propriedades do entorno – em um raio de 5 km -, de onde o foco foi encontrado. “Está tudo sob controle”, avalia.

Com o intuito de contenção da doença, foram realizados procedimentos padrões para esses casos pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) do RS, como a interdição da área e o abatimento dos demais suínos da propriedade. Folador frisa a agilidade das autoridades no atendimento do caso: “o Estado demonstrou que está preparado para qualquer tipo de emergência sanitária que possa surgir”.

O presidente da associação comenta que também não há prejuízos para as exportações, uma vez que o único importador que coloca a exigência de carne suína livre de Aujeszky é a Rússia, que não tem comprado o produto do Rio Grande do Sul e tem, no momento, pouca representatividade na importação de carne suína do Brasil.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), informou, por meio de nota, que tem acompanhado, juntamente com as representações setoriais do Estado do Rio Grande do Sul, a contenção do foco da doença de Aujeszky.

A ABPA também destaca a maneira rápida e efetiva com que as autoridades sanitárias do Ministério da Agricultura e da SEAPDR agiram em relação à enfermidade suinícola. “Cabe ressaltar que a identificação da enfermidade não gera quaisquer impactos à comercialização interna ou às exportações ao comércio de carnes, assim como não há qualquer risco à saúde humana”, afirma a entidade.

A Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul confirmou que, pelo fato do foco da doença não ter sido registrado em granja comercial e estar longe do polo produtivo, não devem ser registrados impactos.

Reforço nas ações de biosseguridade

Apesar de não ver problemas em termos comerciais, a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) orienta os produtores a reforçarem as ações de biosseguridade em suas propriedades. “Esses procedimentos protegem e resguardam as granjas”, ressalta Charli Ludtke, diretora técnica da ABCS.

Ela lembra que o vírus da Doença de Aujeszky está controlado no Brasil, mas não erradicado. “Quando ele reaparece, é sempre um alerta para estarmos vigilantes em termos de monitoramento, sorologia e redobramento da biosseguridade”, completa.

Assim como as demais entidades, a ABCS também está acompanhando de perto a confirmação do foco no RS e reitera que a situação representa um caso isolado, com rápida atuação das autoridades de vigilância sanitária do Estado. Charli comenta ainda que o país vacinou o rebanho suíno durante muitos anos e que hoje, quando se trata da suinocultura tecnificada e com biosseguridade elevada, a enfermidade é considerada controlada. A doença de Aujeszky não era registrada no Rio Grande do Sul desde 2003, quando focos foram erradicados em Pinheirinho do Vale e Aratiba.

Também chamada de pseudoraiva, a enfermidade é causada por um herpesvírus que tem no suíno o hospedeiro natural. Porém, outras espécies também podem ser infectadas como bovinos, ovinos, caprinos, caninos e asselvajados como os javalis.

Prevenção

Charli chama a atenção dos criadores para procedimentos essenciais, tendo em vista que a transmissão ocorre por vias diretas – contato entre os animais, secreções – e indiretas – comedouros, equipamentos e trânsito de pessoas.

Entre os procedimentos de biosseguridade para as granjas de suínos destacados pela diretora da ABCS estão: instalação de cercas e barreiras físicas (para impedir a entrada de asselvajados e outros animais que possam estar contaminados); controle de acesso de carros e de pessoas; troca frequente de roupas; e separação entre a área limpa e suja da granja.

Charli também destaca a importância da notificação imediata das autoridades sanitárias oficiais do município, em caso de suspeitas da doença. Entre os sintomas dos animais infectados podem estar febre e sinais clínicos neurológicos como incoordenação motora, convulsões, além de pruridos, coceira em excesso e hipersalivação. A doença não tem cura e leva os animais à morte.

“A qualquer suspeita ou sinal clínico, o produtor deve informar a autoridade sanitária mais próxima ou um médico veterinário do município. E nunca tentar esconder”, adverte.

A diretora técnica da associação reforça que a doença está controlada no país, mas pode circular pontualmente. E orienta: “somente profissionais autorizados podem realizar as ações de contenção, como a eutanásia dos animais e outros procedimentos, a fim de impedir que a doença se alastre”.

Foto: National Pork

 

Fonte: Globo Rural