Pecuaristas devem investir 3 vezes mais em produtividade até 2030

11 de novembro de 2022

Os pecuaristas brasileiros devem elevar seus investimentos anuais em produtividade de 2,5 a 3 vezes, até 2030, tomando como referência o aplicado entre 2011 e 2020. O montante estimado fica entre R$ 28 bilhões e R$ 36 bilhões ao ano, de acordo com Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária, expedição ténica que percorre as principais regiões de produção pecuária do Brasil.

Segundo a consultoria, a pecuária de corte brasileira aumentou a produtividade em quase 190% entre 1990 e 2022 e, com isso, a produção de carne mais que dobrou em uma área de pastagens aproximadamente 22% menor. Nesse mesmo período, o rebanho cresceu 38%.

O levantamento foi feito pela Athenagro com base em dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), Pesquisa Pecuária Trimestral (PPT) e Censos Agropecuários – todos do IBGE. O valor estimado de investimentos leva em consideração apenas o aplicado em aumento de produtividade, sem incluir substituição de ativos ou expansão de áreas.

A avaliação ainda aponta como desafios para atender a demanda até 2030 a elevação dos custos de produção e os juros mais altos para tomada de capital. “Nos últimos cinco anos, os custos de produção em uma fazenda comum de pecuária de corte cresceram 12% ao ano, em média. Esse aumento foi causado pelo cenário global, impactado pela pandemia e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, e pelo aumento nas cotações do dólar”, ressalta a Athenagro, em comunicado.

Outro ponto de atenção é com os riscos sanitários, em que pese a situação atual do Brasl estar sob controle, na avaliação da consultoria. Outros fatores que podem limitar o avanço da pecuária brasileira são as questões ambientais e eventuais decisões de política econômica, como a adoção de medidas restritivas de exportações sob o argumento de se conter a inflação.

Preços recuam

Em relação ao mercado, a Athenagro ressalta que os preços recebidos pelos pecuaristas e pelas indústrias vêm recuando desde o mês de março. A margem da indústria, ressalta Nogueira, diretor da consultoria, segue baixa ou até mesmo negativa, a depender do posicionamento de seus produtos no mercado. No entanto, essa retração ainda não chegou ao consumidor, já que o setor varejista manteve ou até mesmo aumentou seus preços de venda

“Se não fossem as margens das exportações, os frigoríficos venderiam a carne mais cara ou pagariam menos pelo boi no campo. Como não é possível mudar os preços de venda, é bem provável que a pressão seria repassada ao produtor, com redução nas compras e, consequentemente, na oferta de carne. Na prática, seria desencadeado um processo de desestimulo à produção que elevaria os preços a médio e longo prazo”, explica Maurício Palma Nogueira.

O Rally da Pecuária começa dia 16 de novembro. É a 11ª edição do evento, que promove visitas a produtores e coleta de amostras de pastagens, e dessa vez passará por municípios de Goiás, Tocantins, Pará, Mato Grosso e Rondônia. Diferente de expedições anteriores, a edição atual será feita ao longo de nove meses.

A primeira equipe fica em campo entre os dias 16 e 25 deste mês, percorrendo Goiás e Tocantins. A segunda equipe pega a estrada em 11 de dezembro, em direção a Mato Grosso, onde fica até 17 de dezembro. As demais etapas serão realizadas a partir de 23 de janeiro.

Foto: Globo

 

Fonte: Globo Rural