Pantanal registrou em 2021 pior seca em 36 anos, aponta MapBiomas

11 de novembro de 2022

Embora ainda seja conhecido como a maior planície alagada no mundo, o Pantanal passou, em 2021, pelo ano mais seco já observado desde 1985. É o que aponta novo levantamento do MapBiomas. As áreas úmidas do bioma passaram de 7,2 milhões de hectares em 1988 para 5,1 milhões de hectares em 2018, quando houve a última cheia. No ano passado, a situação ficou ainda mais crítica, reduzindo a área úmida a apenas 1,6 milhões de hectares, 76% menor do que o início da série.

Em 1985, 4 milhões de hectares eram de campos alagados; em 2021, era 1,1 milhão de hectares. Nesse mesmo período, as formações campestres passaram de 1,6 milhão de hectares, em 1985, para 5,7 milhões de hectares, em 2021. As atividades agropecuárias, por sua vez, ocupavam 600 mil hectares em 1985 e 2,8 milhões de hectares em 2021.

Ao considerar o mapeamento mensal e os dados de área, tendência e frequência, no período de 1985 a 2021, o Pantanal está alagando menores áreas e também por menos tempo. Como este é um bioma onde a superfície de água varia sazonalmente, os pesquisadores avaliaram a variação entre os anos com picos de cheia e de seca. Independente da sazonalidade, os dados mostram que todos os meses do ano apresentam tendência de diminuição da área alagada.

De acordo com Eduardo Reis Rosa, do MapBiomas, o Pantanal está sofrendo com múltiplos e simultâneos vetores de degradação. “Em nível local vemos um processo de conversão de áreas naturais em pastagens exóticas. A ocupação da área do planalto, sem respeito às nascentes e áreas de proteção permanente ao longo dos rios, está afetando a quantidade e qualidade da água e causando o assoreamento nos rios da planície”, explica.

O avanço de barragens, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), drenos artificiais e estradas também contribuem para a mudança do fluxo das águas no Pantanal. Eduardo ainda observa alta frequência na incidência de incêndios, o que dificulta a recuperação natural do bioma.

“Em nível nacional, vemos uma maior irregularidade do regime de chuvas gerado pelo desmatamento da Amazônia e o comprometimento de sua capacidade de bombear umidade para a atmosfera. Por fim, o Pantanal também sofre com o agravamento da crise climática”, avalia.

Pantanal na COP27

O assoreamento do rio Taquari, localizado no Mato Grosso do Sul, comprometeu a biodiversidade aquática e a navegabilidade das pessoas. Segundo o Instituto Taquari Vivo (ITV), atualmente é possível verificar bancos de areia que se acumulam por toda a calha do rio, bloqueando a antiga hidrovia, impedindo o transporte público, de insumos e da produção.

Tamanha a gravidade do Pantanal, o assunto está entre as discussões da Conferência do Clima (COP27), realizada até 18 de novembro, em Sharm El-Sheikh, no Egito. Segundo Renato Roscoe, diretor executivo do ITV, a finalidade é apresentar a problemática da região, mas também apontar as soluções adotadas no Estado para superar determinados passivos ambientais.

“O principal desafio que levamos à COP, além do assoreamento, é uma possível articulação de esforços para a restauração ambiental, além de promover o desenvolvimento sustentável do Pantanal”, diz.

Foto: Valdemir Cunha/Ed. Globo

 

Fonte: Globo Rural