Hortaliças têm maiores perdas com as chuvas em Santa Catarina

7 de dezembro de 2022

A olericultura foi a cadeia produtiva mais atingida pela chuva intensa dos últimos dias em Santa Catarina, com perdas concentradas principalmente na Grande Florianópolis. A estimativa foi divulgada nesta terça-feira (06/12) pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural – Epagri -, que trabalha nos primeiros levantamentos.

“Há produtores de hortaliças que perderam praticamente tudo”, conta Adriana Tomazi Alves, gerente regional da Epagri em Florianópolis. Dos 20 municípios atendidos pela regional, 18 registraram perdas no meio rural. Nos municípios de Santo Amaro, Águas Mornas e São Pedro, os solos de lavouras inteiras de hortaliças foram removidos pela erosão, o que deve dificultar a retomada das atividades.

Além das folhosas não resistirem ao grande volume de água, os produtores que conseguiram fazer a colheita acabaram perdendo a produção por não terem como escoá-la. “Temos muitos problemas relacionados à dificuldade de acesso às propriedades e até à falta de energia elétrica, o que prejudica o funcionamento das câmaras frias”, relata Adriana.

O prejuízo médio com cada hectare de alface perdido é de R$ 30 mil, calcula Marcelo Zanella, extensionista da Epagri na região.

As dificuldades de acesso em rodovias, estradas rurais e pontes, segundo Haroldo Tavares Elias, analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, informou à Globo Rural, já se refletem na entrega de produtos na Ceasa-SC.

“Justamente nesse período do ano, em que a população do litoral catarinense costuma aumentar muito”, aponta. Ele explica que os produtos mais prejudicados foram os mais perecíveis, como alface e tomate.

As fortes chuvas no Estado atingiram as regiões Litorânea, Planalto Norte e Vale do Itajaí, principalmente entre 26 de novembro e 1º de dezembro. Na região norte catarinense, além das hortaliças, a banana também teve prejuízos, enquanto que o arroz – mesmo com as lavouras inundadas – não foi tão prejudicado, em decorrência de seu estado vegetativo.

“Não teremos uma super safra de arroz, como no ano passado. A produção deve ter uma redução de 5% a 10%”, acredita o analista.

Os arrozais de praticamente todos os municípios do Litoral Norte sofreram com inundações. As áreas inundadas variaram de 10% a 30% na maioria dos municípios, mas chegaram a 50% a 70% em Guaramirim e Schroeder, que registraram maiores volumes de chuva.

Problemas com a cebola

No Alto Vale do Itajaí, a preocupação maior é com a cebola. Há grandes dificuldades para fazer a colheita com o tempo chuvoso, além de problemas com o armazenamento e o escoamento das produções nas regiões atingidas pelas chuvas.

Mesmo recolhidas, as cebolas permanecem úmidas, o que dificulta a classificação e comercialização. “A cebola não pode ficar muito úmida, então tem que secar artificialmente, o que aumenta o custo para o produtor e gera elevação direta do preço ao consumidor”, enfatiza Elias.

Devido ao frio tardio, registrado entre os meses de outubro e novembro, ocorreu florescimento dos bulbos em muitas lavouras de cebola, o que, por sua vez, culmina na comercialização da hortaliça com preço menor.

Nas demais culturas vigentes na região do Alto Vale há atraso nas colheitas de trigo e na semeadura de soja, assim como dificuldade na colheita de tabaco.

Levantamento de perdas

A Epagri também precisa driblar a dificuldade de acesso para estimar as perdas no setor agropecuário nas áreas mais atingidas pelas chuvas no Estado. Adriana comenta que a prioridade é documentar o que for possível para embasar a solicitação de prorrogação para o prazo de pagamento das dívidas dos produtores. “Esse é o primeiro passo, um paliativo importante para os agricultores”, considera.

Ela também lista prejuízos para os produtores de leite e pecuária de corte (com a morte de animais arrastados pela correnteza), mandioca, fumo e pastagem na região. Até a perda de solo agricultável está sendo registrada pelos técnicos que visitam as propriedades rurais. “Há áreas em que não será possível cultivar mais nada”, lamenta.

Estão sendo apurados, ainda, prejuízos na maricultura em Palhoça, Florianópolis e São José. Santa Catarina segue com alerta laranja para tempestades, mas a previsão, a partir desta quarta-feira (07/12) é de sol e calor para o estado, com chuva e temporais localizados.

Foto: Epagri

 

Fonte: Globo Rural