Criadores de Angus investem em medição de metano emitido pelo gado

30 de janeiro de 2023

A Associação Brasileira de Angus está investindo na mensuração da emissão de gás metano nos animais da raça. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foram iniciados testes para ver se é possível fazer uma correlação entre a produção de carne e linhagens que liberem menos metano.

No ano passado, foram avaliados 14 animais de 11 criatórios. Para 2023, a presidente da Associação, Mariana Tellechea, diz que o objetivo é expandir os testes para cerca de 20 animais.

A partir de uma técnica desenvolvida nos Estados Unidos, um dispositivo é colocado no gado em meio a uma prova de conversão alimentar. O equipamento é parecido com uma mochila, em que dois canos são instalados sobre o focinho do animal e, à medida que ele respira, o gás fica acumulado em um pequeno tanque que fica em seu lombo.

“Já autorizamos um novo teste de conversão alimentar e também de medição de carbono. A ideia é apontar se os animais que são mais produtores de carne e mais eficientes, colocam mais energia nisso e menos nos gases. É um início [dos testes], agora é preciso ganhar escala”, explica Mariana.

Subsídio

Entre conversão alimentar e medição do gás, são investidos cerca de R$ 4.000 por animal. Uma das suposições analisadas é que animais em menor tempo de confinamento emitem menos metano. Além disso, também será observado como a qualidade das pastagens pode influenciar neste fluxo de metano e dióxido de carbono. “Nosso objetivo é produzir animais melhoradores, eficientes e focados na preservação do meio ambiente”, ela complementa.

As inscrições para a Prova de Eficiência Alimentar 2023 estão abertas e seguem até 10 de março. Como em anos anteriores, o teste será realizado em parceria com a Embrapa Pecuária Sul, nas instalações do centro de pesquisa em Bagé (RS). A prova será subsidiada pela associação com bônus de até R$ 2.000 por reprodutor, ou seja, em torno de 50% do custo total.

Cadeia leiteira

Também a indústria está investindo na redução de emissão de metano pela pecuária leiteira. A companhia alimentícia Danone anunciou um plano de ação global para reduzir as emissões absolutas do gás a partir de sua cadeia de suprimentos de leite fresco em 30%, até 2030.

Segundo a companhia, investimentos estão sendo feitos em inibidores de metano, tais como aditivos alimentares e equipamentos para a criação de vacas. Além disso, saúde animal, gestão de rebanhos e gestão de adubo também fazem parte de iniciativas que visam uma agropecuária regenerativa. Com isso, a Danone já conseguiu uma redução estimada de 14% nas emissões de metano entre 2018 e 2020.

“Essa mudança requer um esforço coletivo. Trabalhando com produtores, parceiros e governos, temos o poder e o dever de construir modelos de pecuária que beneficiam o clima e a sociedade, dando um passo à frente para lidar com o aquecimento global de forma coletiva”, afirma Antoine de Saint-Affrique, CEO da Danone.

Foto: Gabriel Oliveira

 

Fonte: Globo Rural