Com Rio Grande do Sul, Brasil pode exportar até 25% mais carne suína para o Chile

8 de fevereiro de 2023

O Brasil pode aumentar de 20% a 25% as exportações de carne suína para o Chile a partir do reconhecimento do Estado do Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa sem a necessidade de vacinação. A avaliação é do diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, que considera a decisão do governo chileno uma “excelente notícia” para o setor.

“É um marco. É o primeiro país a fazer esse reconhecimento e a tendência é de que outros também reconheçam o Rio Grande do Sul como livre de aftosa sem vacinação”, acredita o diretor da ABPA. “Difícil cravar um número, mas, considerando a estrutura do Rio Grande do Sul e a demanda chilena, a gente pode aumentar de 20% a 25% essas exportações para o Chile”, acrescenta.

O Diário Oficial do governo chileno publicou o reconhecimento do Rio Grande do Sul na segunda-feira (6/2). No documento, Ministério da Agricultura do país atesta que o Estado já tem o reconhecimento internacional de seu status sanitário e que inspeções confirmaram as informações do governo brasileiro.

“O presente reconhecimento permanecerá vigente à medida que se mantenham as condições sanitárias, de prevenção e controle implantadas pela República Federativa do Brasil”, diz o Diário Oficial chileno.

Também na segunda-feira (6/2), o governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, comentou o assunto. Ao discursar na cerimônia de lançamento da Expodireto Cotrijal, em Porto Alegre (RS), destacou o potencial de acesso ao mercado e pontuou que o trabalho agora é de promoção comercial.

O Chile é um dos dez principais mercados para a carne suína brasileira. Mas a demanda vem sendo atendida pelo Estado de Santa Catarina, até agora único com o status de livre de aftosa sem vacinação reconhecido pelo país sul-americano. Com a decisão publicada na segunda-feira pelo governo chileno, a suinocultura gaúcha poderá participar dessas exportações.

Luís Rua, da ABPA, explica que a próxima etapa é o Chile enviar uma missão técnica ao Rio Grande do Sul para avaliar unidades frigoríficas. Ao menos 13 plantas industriais no Estado teariam a possibilidade de conseguir a habilitação e embarcar carne suína para o mercado chileno.

“Estamos prontos para receber a missão do Chile. Estamos pedindo ao governo brasileiro para ver o melhor momento para receber essa missão no Rio Grande do Sul”, afirma Rua, sem, contudo, estimar um prazo para que as inspeções sejam realizadas.

A expectativa da ABPA é de que o Paraná também tenha o status sanitário de livre de aftosa sem vacinação reconhecido pelos mercados internacionais. Assim como o Rio Grande do Sul, o Estado obteve, em 2021, o reconhecimento pela Organização Internacional de Saúde Animal (WOAH, na sigla em inglês).

“Já estamos trabalhando com outros mercados para que possam reconhecer o status de livre de aftosa sem vacinação tanto do Rio Grande do Sul quanto do Paraná e acessar mercados”, diz Rua, mencionando como potenciais mercados China, Japão e Coreia do Sul.

Janeiro positivo

A notícia do reconhecimento do Chile ao status sanitário do Rio Grande do Sul veio e um momento positivo das exportações de carne suína do Brasil. Os números referentes ao mês de janeiro ainda estão sendo consolidados pela ABPA, mas a expectativa, segundo Luís Rua, é de que o volume embarcado tenha ficado próximo de 90 mil toneladas.

O diretor da ABPA explica que o bom volume embarcado se deve, principalmente, a uma demanda mais aquecida de países como China e Filipinas, que movimenta de forma relevante o mercado internacional. Os chineses, por exemplo, têm retomados as compras nos mesmo níveis do pico da epidemia de peste suína africana que dizimou planteis no país.

O Brasil detém, atualmente, entre 11% e 12% das exportações mundiais de carne suína, de acordo com a ABPA. Mantido o ritmo sinalizado em janeiro, o volume embarcado pelo Brasil em todo o ano pode crescer em torno de 10%, chegando a 1,250 milhão de toneladas.

O ponto de incerteza na cadeia produtiva ainda está na capacidade da cadeia produtiva de rentabilizar essas vendas para o mercado externo, explica Rua. Segundo ele, o setor ainda sente os efeitos do forte aumento de custos do ano passado.

“Os custos aumentaram significativamente. Então, o aumento do preço em dólar, mesmo com o câmbio acima dos R$ 5, fica difícil rentabilizar. Janeiro e fevereiro são um pouco mais complicados, tando no mercado interno quanto no externo, mas estamos vendo que, a partir de março, pode haver uma melhoria geral do quadro internacional”, analisa.

Foto: Freepik

 

Fonte: Globo Rural