Brasil volta a taxar importação de muçarela após esforço de produtores

17 de maio de 2022

Os produtores rurais, em especial, do setor lácteo, conseguiram derrubar a medida do governo de isentar alguns produtos da tarifa de importação para evitar que os preços subissem muito no Brasil. Além dos queijos e da margarina, a norma também incluía café e óleo de soja. A vitória faz voltar a valer a tarifa de 28%, para quem quiser comprar queijo muçarela fora do Mercosul ou vender no mercado brasileiro.

A decisão no governo começou a valer no dia 21 de março e desagradou muita gente da indústria porque a facilitação da entrada de produtos do exterior faria o produto nacional perder competitividade. A lógica do governo é que, permitindo a entrada de mais produtos, todos os preços internos cairiam, mas até agora nada disso aconteceu.

Os preços dos alimentos, principalmente daqueles contemplados pela medida, continuam subindo desde março. De forma a combater isso, entidades que representam os produtores de queijos, com apoio dos produtores de leite, iniciaram uma onda de protestos. Formaram uma Força Tarefa para reverter a situação e mostrar que isso prejudicaria os produtores brasileiros, que já estão pagando um preço muito caro com a alta dos custos de produção.

Além disso, dados têm mostrado uma redução no consumo desses produtos pelos brasileiros. Essa situação faz com que o produtor reduza, inclusive, investimentos do ano passado, e diminua a produção de leite, o que que não acontecia há muito tempo. Pelo menos, desde 2014, o Brasil não reduzia a produção a captação de leite.

A Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ) disse que a medida era inóqua, porque não ia resolver a situação mesmo com o período de tarifa zero. O país importou muito menos queijo neste ano, quase metade para ser mais exato, do que foi comprado de janeiro a abril do ano passado.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, também enviou um comentário para o CBN Aago sobre essa vitória do setor: “A volta da taxação nos trará uma certa tranquilidade maior, pois do jeito que estava – retirando essa alíquota de 28% -, nós teríamos grande risco de entrada de queijos vindos de países europeus e dos Estados Unidos, que, inclusive, têm forte subsídios por suas cadeias produtivas do leite, fator que não temos aqui no nosso Brasil. Seria uma concorrência extremamente desleal, então, a preocupação que tínhamos em relação ao precedente aberto também fica menor para toda a cadeia produtiva do leite”.

Foto: Juliana Carneiro

 

Fonte: Globo Rural