Brasil deve consumir mais carne bovina em 2023, avalia Rabobank

10 de novembro de 2022

Se nos últimos três anos o consumo brasileiro per capta de carne bovina chegou ao seu menor patamar em mais de uma década, ao longo de 2023 as perspectivas são de crescimento nas vendas no mercado interno – a primeira desde 2018. Segundo projeção divulgada pelo banco holandês Rabobank, o volume consumido pelos brasileiros deverá passar dos atuais 27,7 quilos por habitante ao ano para 28,2 quilos, avanço de 1,5%.

“O cenário base que a gente está trabalhando é de uma recuperação econômica do poder de compra refletindo um ambiente econômico de menos juros e menos inflação, o que deve favorecer o consumo de carne bovina”, explica o analista de proteína animal do banco, Wagner Yanaguizawa.

A produção de carne bovina no ano que vem deve ser de 10,5 milhões de toneladas, crescimento de 2%. O analista destaca a queda nos preços do bezerro e o aumento do descarte de fêmeas este ano como sinais de inversão do ciclo pecuário, com maior oferta de animais prontos para abate e redução no preço médio da arroba, hoje próximo dos R$ 300.

“Esse cenário de maior oferta deve pressionar os preços da arroba, mas também deve recuperar os níveis de consumo doméstico, principalmente por conta dessa queda muito forte que a gente está vendo nos últimos anos”, pontua o analista.

Yanaguizawa menciona também a preferência do brasileiro pela carne bovina em detrimento de aves e suíno, cuja demanda foi favorecida pela perda do poder de compra da população nos últimos anos.

“A gente sabe muito bem que existe um apelo cultural forte pra carne bovina por parte do brasileiro, então se tiver diferença de preços menores em relação à carne de frango e suína a gente e verá incrementos no consumo de carne bovina no mercado doméstico”, observa.

Principais prejudicados pela queda no consumo interno de carne bovina, os frigoríficos de pequeno e médio porte devem ser os mais beneficiários dessa recuperação, caso se confirmem as previsões do Rabobank. Sem acesso ao mercado internacional, muitos fecharam as portas nos últimos anos, quando o setor enfrentou aumento de custos e queda na receita.

“De fato, quem conseguiu passar por esse momento desafiador pelos custos, mesmo com margens mais estreitas, e conseguiu se manter no setor, não tenho dúvida de que a partir do ano que vem estará vislumbrando um cenário melhor em termos de liquidez”, explica Yanaguizawa.

Frango e suíno

A previsão do Rabobank é de avanço de 0,5% no consumo nacional de carne suína e ligeira queda, de 1,5%, no consumo de frango. “Isso mostra que, de fato, pode ser que a gente tenha chegado ao limite em termos de queda no consumo de carne bovina, passando por um cenário de recuperação a partir do ano que vem muito ligada a essa inversão do ciclo pecuário e maior oferta não só de machos para abate, mas também por uma tendência de sustentação de níveis maiores de fêmeas entrando no gancho. Isso deve resultar em maior oferta, patamares de preços menores do que a gente viu esse ano e deve favorecer a demanda no mercado doméstico”, completa o analista.

Na indústria de aves e suínos, a expectativa ds safra recorde de soja e milho a serem colhidas a partir do ano que vem também gera perspectivas promissoras para as margens da atividade após anos de aperto. A previsão do banco é de uma produção de 149 milhões de toneladas da oleaginosa em 2022/23, crescimento de 16,4% ante a temporada anterior, e de 126,6 milhões de toneladas de milho, avanço de 9,5%.

“Com isso a gente entende que o consumo de milho deve ficar entre 79 e 82 milhões de toneladas para 2022/23 direcionado tanto por um aumento da capacidade de etanol quanto por um aumento do consumo de milho pra ração animal”, conclui a analista de grãos do Rabobank, Marcela Marini.

A previsão do banco é de um crescimento de 1% na produção nacional de carne suína e de 1,5% na de frango puxados, principalmente, pela demanda internacional.

Foto: Globo Rural

 

Fonte: Globo Rural