Zoneamento agrícola de risco climático para a soja é atualizado no Brasil

27 de abril de 2023

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou nesta quarta-feira (26) uma atualização do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a soja, que será aplicado em dez Estados do país.

A região do Matopiba e os estados do Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, e Distrito Federal são os primeiros a ser contemplados pela nova portaria.

Na atualização, foram definidas as áreas e os períodos de semeadura da oleaginosa, simulando probabilidades de perdas de rendimento inferiores a 20%, 30% e 40%, devido à ocorrência de eventos meteorológicos adversos, como a seca.

“É importante ressaltar que o Zarc não estabelece os períodos e os locais de semeadura com maior probabilidade de obtenção dos maiores rendimentos”, explica o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja.

O Zarc é uma ferramenta de análise do risco usada para a tomada de decisão no campo a partir da probabilidade de ocorrências climáticas, que podem ser previstas por meio de um banco de dados sobre clima, características da cultura e do solo.

Água disponível nos solos

Nesta atualização, novos fatores de risco foram considerados, associando questões hídricas e térmicas, inclusive, a probabilidade de ocorrência de geadas. Os estudos que permitiram estes novos parâmetros começaram em 2021, mas foram validados somente ano passado junto com os principais atores da cadeia produtiva da soja.

A água disponível (AD) no solo também será uma variável considerada a partir de agora. Segundo o comunicado do Ministério, a AD deve ser estimado para cada área produtiva, a partir da sua composição textural determinada por análise de solo padrão.

A estimativa é feita por uma equação ajustada para todos os tipos solos brasileiros, o que foi possibilitado por pesquisas recentes da Embrapa. A metodologia será aplicada pela primeira vez para a soja, contou Farias.

O pesquisador acrescenta que a cultura possui ampla adaptabilidade ao clima e aos diferentes solos, por isso, a disponibilidade hídrica é um dos elementos climáticos cruciais para determinar a produtividade, podendo ser o que mais afeta o rendimento de grãos.

Para a soja apresentar um bom desempenho, por exemplo, o pesquisador afirma que volumes adequados de água seriam em torno de 450 a 800 mm de água e que precisariam ser bem disponibilizados durante as fases críticas ao crescimento da cultura.

“Tão ou mais importante até que o volume total de água é a distribuição das chuvas ao longo do ciclo. As fases mais sensíveis ao déficit hídrico ocorrem durante o período de semeadura-germinação-emergência e, principalmente, da floração ao enchimento de grãos, quando a seca afeta consideravelmente o rendimento das lavouras”, destaca Farias.

A chuva é a principal fonte de água para a maior parte da produção brasileira de soja, tanto que a área irrigada com soja ainda é insignificante, explicou o comunicado do Ministério.

“É importante destacar que as práticas agrícolas que favorecem a melhor estruturação do solo e o aprofundamento do sistema radicular contribuem para incrementar a disponibilidade de água no solo, principalmente, em momentos de precipitação insuficiente”, ressalta o pesquisador na nota oficial do Ministério.

É possível acessar as informações na plataforma Painel de Indicação de Riscos, nas portarias de Zarc por estado, ou pelo aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, disponível nas lojas de aplicativos iOS e Android.

Foto: Divulgação/MAPA

 

Fonte: Globo Rural