Setor avícola do RS precisa se recuperar após amargar quedas nos abates, produção e exportação em 2023

25 de janeiro de 2024

A Organização Avícola do RS (Asgav e Sipargs) realizou na manhã desta quarta-feira uma coletiva especial com a imprensa gaúcha com o objetivo de apresentar o balanço de 2023 e as perspectivas previstas para 2024. Na pauta, temas como mercados interno e externo da carne de frango e de ovos, impactos das adversidades, pleitos e demandas do setor para se manter competitivo e as ações de valorização da produção gaúcha foram destacados. O encontro aconteceu na sede da entidade, em Porto Alegre (RS).

O presidente executivo, José Eduardo dos Santos, disse que o setor avícola precisa recuperar em 2024 os espaços perdidos no último ano, embora deva enfrentar um cenário de desafios que irão requerer o máximo de empenho e superação.

Entre os pleitos e desafios, Santos cita a manutenção dos incentivos fiscais como algo vital para o setor (que segue em debate com o Governo do Rio Grande do Sul): a continuidade de apoio do governo estadual na prospecção de mercados externos, o apoio para o aumento da produção de milho no Rio Grande do Sul (via irrigação); o fortalecimento dos serviços de defesa sanitária do Estado e Federal, o apoio às agroindústrias locais (linhas de crédito e financiamentos); a recuperação do mercado interno gaúcho e minimizar os efeitos da Reforma Tributária.

Santos ressaltou, entre as perspectivas para 2024, a necessidade de continuidade de ações de valorização da carne de frango e dos ovos produzidos no Rio Grande do Sul, visando alcançar e sensibilizar os consumidores do Estado. “A avicultura gaúcha, mesmo com obstáculos, ainda tem papel importante no desenvolvimento econômico e social”, argumenta.

Números de 2023

O presidente executivo da Asgav mostrou a comparação da série histórica de abates de frangos de corte de 2013 a 2023, que registrou um aumento de 5,91% em 10 anos, saindo de 758,129 milhões de aves abatidas para 802,958 milhões.

No ano passado, contudo, Santos informa que os abates ficaram 5% abaixo do registrado em 2022, de 845,821 milhões de aves, por conta de uma série de fatores, como a adversidade climática no Vale do Taquari, a suspensão das atividades de uma importante cooperativa do setor, pelo mercado instável (que trouxe preços menores para a carne de frango e custos maiores), indústrias em dificuldades econômicas e a entrada de produtos de outros estados (que chegou a 50,9%).

O volume produzido entre 2013 e 2023 aumentou 16%, passando de 1,592 milhão de toneladas para 1,846 milhão de toneladas, um crescimento de 16%. No ano passado, contudo, a produção declinou 5% frente a 2022, que ficou em 1,945 milhão de toneladas.

As exportações gaúchas aumentaram 3,97% em 10 anos, saindo de 711,318 mil toneladas para 739,574 mil enviadas em 2023. Em receita, os embarques somaram US$ 1,451 bilhão em 2023, contra US$ 1,510 bilhão em 2022, acusando queda de – 3,9%. Em volumes, o resultado obtido no ano passado apontou queda de 2,1% frente às 755, 082 mil toneladas embarcadas em 2022.

“Esta queda nas exportações é reflexo das adversidades climáticas que atingiram o estado e a instabilidade econômica registradas em 2023. Não fosse estas intervenções, o setor certamente sairia com o crescimento nivelado com o desempenho geral das exportações avícolas brasileiras, em torno de 6%”, afirma Santos.

Indústria e produção de ovos

Já no setor da indústria e produção de ovos, foi detalhado um panorama sobre a produção no RS, que no período de 10 anos apontou um aumento de 63,49%, saltando de 135 mil toneladas em 2013 para 228 mil toneladas em 2023, representando aproximadamente 3,2 bilhões de ovos produzidos no Estado. A receita das exportações também teve um expressivo crescimento, de 91%, passando de US$ 11 milhões em 2013 para US$ 21 milhões em 2023.

As exportações de ovos do Rio Grande do Sul fecharam o ano de 2023 com 6,2 mil toneladas enviadas ao exterior, contra 2,7 mil toneladas exportadas no ano de 2022, uma alta significativa de 126,2% no volume. Já a produção de ovos no Rio Grande do Sul passou de 218,688 mil toneladas em 2022 para 228,067 mil toneladas no último ano.

“Em 2023, o setor conseguiu equilibrar a situação e buscou recuperação. O expressivo aumento nas exportações de ovos também é efeito da incidência da influenza aviária no exterior, em especial nos Estados Unidos, que dizimou quase 70 milhões de aves poedeiras, e em consequência, baixou a produção e oferta de ovos no país e nos seus clientes, além da inflação dos alimentos na União Europeia em detrimento ao conflito Rússia versus Ucrânia”, conclui Santos.

Foto: Freepik

 

Fonte: Safras e Mercado