Segunda safra de milho tem risco elevado por atraso no plantio

16 de fevereiro de 2023

Os produtores de milho não tiveram um começo ideal de trabalhos no plantio da segunda safra. As chuvas que atrasaram a colheita de soja provocaram também demora na implantação das lavouras do cereal, o que pode aumentar a vulnerabilidade das plantas a intempéries climáticas nos próximos meses.

Dados divulgados nesta segunda-feira (13/2) pela consultoria AgRural apontam que os sojicultores colheram 17% da área total no Brasil. Na mesma época do ano passado, eram 24%.

As maiores preocupações agora estão no Paraná, segundo maior produtor de safrinha do Brasil, onde as chuvas mais fortes devem persistir pelo menos na próxima semana.

Até segunda-feira (13/2), apenas 12% do milho do Estado havia sido semeado em comparação com 28% no ano passado e 23% na média, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral).

Esses 12% estão acima dos mesmos pontos em 2011, 2018 e 2021, mas são menores do que em todos os outros anos desde então.

Histórico

Os rendimentos da segunda safra do Paraná ficaram abaixo da média naqueles anos, especialmente em 2021, quando caíram mais de 50% do normal depois de serem pressionados por variações climáticas.

A safrinha de 2021 do Paraná foi a mais atrasada desde pelo menos 2009, por isso estava especialmente sujeita a geadas no final da temporada.

O plantio deste ano está mais próximo do de 2018, que retomou o ritmo normal no início de março, quando a safra estava cerca de 60% plantada.

O principal problema em 2018 foi o clima excepcionalmente seco que ocorreu repentinamente em abril e maio, após o que havia sido um início de ano mais úmido, e a produção da segunda safra do Paraná caiu mais de 20% em relação à tendência.

O maior produtor do Brasil, o Mato Grosso, também está em um ritmo de trabalho de campo semelhante a 2018. Cerca de 34% de seu milho havia sido plantado até sexta-feira passada, em comparação com 55% há um ano e uma média de cinco anos de 42%.

Ajustes

A 5° estimativa da safra 22/23 de milho total no Brasil, divulgada na última quinta-feira (8/2) pela Conab, trouxe reajustes na produção do país, ficando em 123,74 milhões de toneladas, queda de 1,05% em relação ao relatório de jan/23.

Os Estados que mais apresentaram recuo em comparação ao relatório anterior foram o Rio Grande do Sul (RS) e o Paraná (PR), com 8,02% e 6,99%, ficando em 4,31 e 17,79 milhões de toneladas, respectivamente.

Essa retração na produção do cereal é pautada pelas baixas precipitações durante o ciclo da cultura no Sul do Brasil, que afetou a produtividade.

Vale destacar que apesar da redução entre as estimativas, ainda é esperado que a produção brasileira fique 9,38% ou 10,61 milhões de toneladas a mais quando comparado com a safra 21/22.

No entanto, com a semeadura atrasada, novos ajustes ainda podem ser realizados.

Mercado

Os valores do milho seguem firmes na maioria das regiões acompanhadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

O Indicador Esalq/BM&FBovespa indicava cotação de R$ 86,26 a saca de 60 quilos nesta terça-feira (14/2). No dia 8/2, o preço era de R$ 84,90 para a saca.

Foto: FreeImages

 

Fonte: Globo Rural