SAFRAS e Mercado projeta produção de trigo do Brasil em 11,72 milhões de t em 2023

14 de julho de 2023

A nova estimativa de SAFRAS e Mercado para a produção brasileira de trigo em 2023 indica safra de 11,72 milhões de toneladas. Este volume representa um aumento de 4,6% em relação ao ano passado.

A área plantada com trigo deve totalizar em 3,46 milhões de hectares, o que corresponde a um amento de 4% em relação a 2022.

Na primeira estimativa para este ano, feita em março, a safra era projetada em 12,45 milhões de toneladas, e a área, em 3,592 milhões de hectares.

Segundo o analista de SAFRAS e Mercado, Élcio Bento, se passarem pelo crivo do clima, os 11,720 milhões de toneladas corresponderão a quase 90% do consumo estimado no Brasil (humano, ração e semente).

“Esse déficit de produção em relação ao consumo será o menor verificado no pós-desregulamentação do mercado (em 1990). O estreitamento do spread entre produção e consumo poderia sugerir que o país esteve muito próximo de atingir a sonhada autossuficiência na produção. Porém, dada a concentração da produção no Sul e a dimensão continental do país (dificuldades de logística), ainda existe necessidade de importação (4,5 a 5 milhões de toneladas)”, ele ressalta que para equilibrar o quadro de abastecimento, o Sul do país, em especial o Rio Grande do Sul, seguirá precisando exportar mais de 3 milhões de toneladas.

Área por estados

O aumento da área plantada no país foi puxado pelos avanços expressivos no Paraná e em Minas Gerais. O primeiro deve semear 1,39 milhão de hectares, 15,8% acima do ano passado, superando, também, a primeira estimativa, de março, de 1,35 milhão de hectares. A produção paranaense deve chegar a 4,55 milhões de toneladas.

O estado de Minas Gerais deve plantar 135 mil hectares, 32,4% acima de 2022. A safra mineira deve totalizar 450 mil toneladas, contra 340 mil no ano passado e 405 mil na estimativa de março.

Elcio Bento explica que a decisão dos produtores desses estados que elevarão a superfície plantada com trigo, em parte, deve-se aos bons resultados de anos anterior. “O principal respaldo, contudo, veio do atraso da colheita da soja. Esse atraso da oleaginosa tirou o milho da janela perfeita e, o trigo foi a alternativa”, disse.
Entre os que reduziram a área, em São Paulo o clima seco foi o principal motivo. Nos dois estados do sul, depois de dois anos de clima positivo e bons níveis de produtividade, os triticultores estão olhando com mais ceticismo para a cultura. “A mudança do fenômeno climático, de La Niña para El Niño, deve trazer condições de maior umidade para as lavouras. Com isso, teme-se uma maior incidência de doenças sobre as plantas. Além disso, chuvas no período de colheita trazem prejuízos qualitativos aos grãos”, salientou.

Os preços, atualmente cerca de 30% inferiores ao do mesmo período do ano passado, também atuam como fator negativo à decisão de plantio. Outro ponto é a questão financeira: a última safra de verão foi plantada com um alto custo de produção e está sendo negociada a preços mais baixos. “Menos capitalizados, existe o risco de que os produtores reduzam os investimentos em pacote tecnológico. Nesse caso, a produtividade pode ser menor”, explicou o analista.

O Rio Grande do Sul, principal produtor nacional nos últimos dois anos, deve seguir liderando com 5,5 milhões de toneladas, 8,5% abaixo de 2022. A área plantada é projetada em 1,513 milhão de hectares, uma queda de 5,4% ano a ano. Em março, SAFRAS & Mercado esperava 1,68 milhão de hectares.

Em São Paulo, a área deve passar de 140 para 138 mil hectares. A produção deve baixar em 5%, de 400 mil para 380 mil hectares. Santa Catarina deve colher 420 mil toneladas ao longo de 120 mil hectares.

Foto: Freepik

 

Fonte: Safras e Mercado