Safra de grãos: Conab reduz previsão para 2657, milhões de toneladas

10 de março de 2022

A safra brasileira de grãos deve ser de 265,7 milhões de toneladas em 2021/2022, um aumento de 10 milhões de toneladas em relação à temporada passada. A área plantada cresceu 4,3% para 72,7 milhões de hectares, que representa a incorporação de 3 milhões de hectares, para plantio principalmente de soja e de milho. É o que mostra o sexto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Os técnicos do Conab observam que apesar da expectativa de aumento na colheita ante a safra passada, houve leve redução de 0,9% sobre o volume divulgado no mês passado, quando eram esperadas 268,2 milhões de toneladas. “A queda é reflexo da forte estiagem verificada, sobretudo, nos estados da Região Sul do país e no centro-sul de Mato Grosso do Sul. O clima adverso impactou de maneira expressiva as produtividades das lavouras de soja e milho de primeira safra, principalmente.

A Conab estima a área cultivada com soja em 40,7 milhões de hectares, acréscimo de 3,8% na área plantada em relação à passada, cuja colheita já ultrapassa 50% em todo país. A expectativa é que a produção alcance 122,76 milhões de toneladas. Por causa da estiagem, na região Sul e em Mato Grosso do Sul, as produtividades estão 43% e 28%, respectivamente, inferiores à safra passada. As chuvas que ocorreram em fevereiro não conseguiram reverter os déficit hídricos anteriores. Em contrapartida, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Maranhão, Piauí e Tocantins, estão com produtividades acima da obtida na safra 2021/21. Já Bahia e Minas Gerais tiveram problemas com o excesso de chuvas que ocasionou maior incidência de doenças foliares, provocando uma pequena redução da produtividade. Mesmo assim, as produtividades são superiores a 3.600 kg/ha.

Milho

Os técnicos observam que o avanço da colheita da soja dita o ritmo do plantio do milho segunda safra. Atualmente, a Conab estima 74,8% da área já semeada. Destaque para Mato Grosso com 94% plantado. A previsão é de um plantio em uma área aproximada de 16 milhões de hectares, o que representa um acréscimo de 6,7% à safra anterior. A atual expectativa da Conab é que a produção total do cereal cresça 29% , podendo chegar a 112,3 milhões de toneladas. O incremento é impulsionado pelo melhor desempenho principalmente da segunda safra do grão, que tende passar de 60,7 milhões de toneladas no período 2020/21 para 86,2 milhões de toneladas na atual temporada.

Expectativa de crescimento também para o algodão. No atual levantamento da Companhia, é esperado um incremento de 19,7% na produção da fibra, podendo chegar a aproximadamente 6,9 milhões de toneladas, sendo 2,82 milhões de toneladas apenas da pluma.

Para o feijão, o primeiro ciclo desta cultura foi parcialmente comprometido pelas perdas de rendimento em decorrência, principalmente, das adversidades climáticas registradas. Já as lavouras de segunda safra da leguminosa estão em implantação ou em pleno desenvolvimento, com perspectiva de alcançar um bom resultado, garantindo o abastecimento do mercado consumidor e equilibrando a oferta do grão.

No caso do arroz, a Conab prevê redução tanto na área cultivada quanto de produtividade. Com isso a produção estimada é de 10,3 milhões, queda de 12,1% em relação à safra 2020/2021.

Fertilizantes

Durante apresentação dos dados de safra, a Conab mostrou o percentual de participação dos fertilizantes nos custos para as culturas de soja, milho e trigo. De acordo com o estudo, atualmente a participação destes produtos fica dentro de uma margem entre 30% a 40% nos custos variáveis, a depender da região produtora e do produto analisado. “Vale ressaltar, no entanto, que este percentual contempla os valores praticados até fevereiro deste ano. O conflito entre Rússia e Ucrânia, por sua vez, teve início no final do mês passado. Com isso, o impacto, tanto nos preços recebidos pelos produtores como nos valores pagos pelos insumos, será melhor mensurado a partir das apurações a serem realizadas ao longo deste mês”, pondera o gerente de Custos de Produção da Conab, Rodrigo Souza.

No caso do trigo, os fertilizantes representam cerca de 33% dos custos variáveis em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, enquanto no município paranaense de Cascavel o percentual chega a 38%. Para o milho 2ª safra, o peso destes insumos chega a 33% em Sorriso (MT). Já no cultivo de soja no município mato-grossense o percentual de participação dos fertilizantes atinge um índice de 37%.

“Qualquer aumento nos preços de fertilizantes impacta de maneira significativa nos custos para os produtores, que tende a influenciar as cotações dos produtos finais disponibilizados ao consumidor”, reforça Rodrigo Souza. “Mesmo com essa elevação nos valores de comercialização do grão, as margens bruta e líquida para os agricultores seguem uma tendência de queda, dada a dificuldade de repasse entre a produção e o varejo”.

Foto: REUTERS/Jose Roberto Gomes

 

Fonte: Globo Rural