Queda do euro em relação ao dólar pode prejudicar exportação de fruta do Brasil

5 de agosto de 2022

As exportações de frutas do Vale do São Francisco para a Europa, que já tiveram redução de volume e receita no primeiro semestre deste ano devido a problemas climáticos, agora podem ser impactadas também pela desvalorização do euro frente ao dólar nas últimas semanas, segundo avaliação da Consultoria Agro do ItaúBBA. Isso porque o exportador brasileiro recebe em euros, mas seus custos de produção estão atrelados ao dólar.

Em seu informe, a consultoria diz que quaisquer riscos políticos, logísticos e econômicos na Europa podem afetar as cotações e gerar interrupções e/ou diminuição do fluxo de comercialização da cadeia frutícola da região do Vale do São Francisco e de outros polos de produção de frutas. Os riscos atuais são os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia e a ameaça russa de reduzir o fornecimento de gás para a Europa.

“Diante do cenário de incertezas e volatilidade das moedas internacionais, muita atenção deve ser dada à mitigação dos riscos cambiais que no caso da cadeia frutícola se concentra no ‘descasamento’ entre fontes de receitas em euro e os custos em dólares.”

Segundo o ItaúBBA, se houver um choque amplo de preços de gás na Europa, no curto prazo, a taxa cambial pode alcançar 0,90 dólar por euro, mas poderia ainda fechar o ano com 1,05 dólares por euro, o que representaria uma apreciação da moeda europeia em relação ao dólar. Para essa valorização, seria necessária a normalização do fluxo de gás russo para a Europa e uma postura mais reativa do Banco Central Europeu no combate às pressões inflacionárias.

Com tantas incertezas, a orientação do banco é para produtores e agroindústrias do setor avaliarem a utilização de ferramentas de gestão que contribuam para controlar esse risco da desvalorização do euro com o objetivo de evitar perdas relevantes não esperadas.

A Europa é o destino de cerca de 80% das exportações do setor e o Vale do São Francisco é a principal região exportadora de frutas do país. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), as fortes chuvas no primeiro semestre no Vale do São Francisco afetaram a produtividade e a qualidade dos frutos produzidos, causando redução nos volumes exportados e a queda nos preços pagos no mercado externo.

No ano passado, o Brasil rompeu a barreira do US$ 1 bilhão em exportações de frutas, recorde perseguido há mais de dez anos pelo setor. Mesmo com o recuo de 11% no primeiro semestre, a direção da Abrafrutas considera que ainda é possível repetir esse número em 2022.

Foto: Reprodução/WikimediaCommons

 

Fonte: Globo Rural