Preços do café no varejo devem subir com geadas e custos de frete

10 de agosto de 2021

A geada mais devastadora em décadas no Brasil, o maior produtor de café, e os custos de frete em máximas históricas devem elevar os preços no varejo a patamares não vistos em vários anos.

Os preços do café aumentarão ainda mais o custo de alimentos, seguindo altas em outros itens como pão, óleos vegetais e açúcar. Um índice da agência de alimentos das Nações Unidas mostra um aumento anual de 31%, em um momento em que muitos consumidores estão com dificuldades financeiras devido à pandemia.

A pior onda de frio no Brasil desde 1994 elevou o preço dos grãos de café verde ao nível mais alto em quase sete anos, o que pode ser repassado aos consumidores quando estes forem comprar grãos torrados ou moídos nos supermercados.

O café arábica na bolsa norte-americana ICE Futures dobrou de preço nos últimos 12 meses, com as lavouras no Brasil murchando após a pior estiagem em 91 anos. A extensão dos danos ainda está sendo avaliada, mas em áreas onde os cafeeiros não sobreviveram pode levar anos para a produção se recuperar totalmente.

Problemas no transporte, causados em parte por um aumento na demanda por bens de consumo e pela escassez de contêineres para navios – em momento em que a pandemia afeta os sistemas logísticos -, levaram a um salto no custo do frete para os principais países consumidores de café na América do Norte e na Europa.

Os traders acreditam que, embora os consumidores em breve tenham que pagar mais para comprar café nos supermercados, o custo de um “latte” ou “Americano” nas grandes redes de café pode não acompanhar a alta no curto prazo.

Dados do governo dos EUA mostram que os preços médios do café moído subiram a um pico de US$ 4,75 por libra em abril, alta de 8,1% em relação ao ano anterior e o nível mais alto desde julho de 2015, à medida que a seca exercia um impacto inicial sobre as safras do Brasil.

O aumento nos preços do café arábica na bolsa de valores ICE Futures acelerou rapidamente após a recente geada e os preços de varejo parecem certamente subir em resposta. No Brasil, o segundo maior consumidor do mundo, atrás apenas dos EUA, os preços do café torrado e moído já tinham aumentado 3,4% em junho, de acordo com o IBGE.

Eles devem subir ainda mais. Após as geadas de julho, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) pediu aos torrefadores que analisem seus custos e ajustem os preços de acordo, para preservar a sustentabilidade de seus negócios.

A Abic estima que os preços do café verde para torrefadores no Brasil subiram cerca de 80% de dezembro do ano passado até o final de julho. “Algumas empresas, incluindo líderes de mercado, já anunciaram aumentos de preços”, disse a entidade em uma nota a torrefadoras associadas, vista pela Reuters.

Foto: REUTERS/Roosevelt Cassio

 

Fonte: Globo Rural