PIB do setor agropecuário cresce 21,6% no primeiro trimestre de 2023

2 de junho de 2023

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou crescimento de 1,9% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o quarto trimestre de 2022, totalizando R$ 2,6 trilhões no período. O resultado foi fortemente impulsionado pelo setor agropecuário, que apresentou crescimento de 21,6%, sendo a maior alta desde o quarto trimestre de 1996. O PIB do Brasil apresentou crescimento de 1,9%, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Esse resultado ficou acima das projeções de mercado.

Com relação aos setores e os subsetores, considerando a variação entre os trimestres, o setor agropecuário foi o grande destaque do trimestre, apresentando alta expressiva de 21,6%, seguido pelo setor da indústria extrativa (2,3%), já a indústria de transformação e construção apresentaram queda, de 0,6% e 0,8%, respectivamente.

Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o bom resultado para a agropecuária não é pontual. O setor apresenta crescimento sustentado, evidenciado pela evolução da sua participação no PIB nacional na última década. O setor agropecuário, que hoje (1º tri/2023) representa 10,2% do PIB brasileiro, apresentou aumento de 80,2%, em relação ao primeiro trimestre de 2013, quando essa participação era de 5,66%.

Importante ressaltar que o resultado do PIB da agropecuária nesse primeiro trimestre também foi influenciado pelos resultados do setor em 2022, período em que adversidades climáticas impactaram negativamente a produção de alimentos no País. Mas para além desse desempenho menos favorável em 2022, que é a base de comparação do resultado de 2023, também é importante destacar para este ano a expectativa de safra recorde. Mesmo a seca que ocorreu na região Sul do país não foi suficiente para afetar o crescimento da produção da cultura de soja, cultura de verão que se concentra no primeiro trimestre, que foi de 24,7%. Além disso, o milho primeiro safra também apresentou aumento de 9,8%, assim como a cana-de-açúcar.

Lembramos ainda que milho e farelo de soja são a base da ração animal. A supersafra ajuda, portanto, a diminuir os custos da produção de proteínas animais (carne bovina, suína e aves) e, consequentemente, os preços da alimentação e a inflação geral.

O consumo das famílias apresentou redução de 6,2% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. No trimestre anterior havia uma desaceleração da inflação, que voltou a aumentar nesse primeiro trimestre. Quando observado a variação do consumo das famílias nesse trimestre em comparação ao mesmo trimestre, houve aumento de 3,5%. Vale ressaltar que sob a ótica da demanda, a despesa das famílias é um dos principais componentes de alavancagem do PIB brasileiro.

Para o primeiro trimestre de 2023, o PIB agropecuário registrou uma variação de 21,6% comparado ao trimestre anterior. Mas é importante destacar também a comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, que foi de 18,8%.

Considerações finais

O resultado da atividade econômica neste primeiro trimestre é animador, superou as previsões de mercado para o crescimento da atividade econômica brasileira. O resultado positivo da agropecuária foi responsável pelo crescimento de praticamente todo o indicador da economia brasileira, se desconsiderarmos o ótimo resultado da atividade agropecuária o PIB do Brasil teria apresentado crescimento de apenas 0,4%. Pelo lado da oferta, o resultado da agropecuária (dentro da porteira), que foi o grande destaque do trimestre, superou as expectativas do mercado, inclusive da CNA, que já consideravam a safra recorde da soja para este ano.

Importante destacar que o IBGE também divulgou uma revisão dos resultados trimestrais do PIB de 2022, além dessa revisão, os bons resultados divulgados hoje influenciarão na revisão das projeções da CNA, que deverá ser publicada nos próximos dias. Preliminarmente é possível afirmar que o indicador do PIB Brasil deverá apresentar crescimento acima de 1,2%, enquanto o PIB da agropecuária deverá crescer acima de 10,5%.

Por fim, é importante lembrar que os bons resultados desta safra se devem ao investimento realizado pelos produtores rurais em pacotes tecnológicos avançados (sementes, defensivos e fertilizantes), justamente durante as maiores altas de preços dos insumos agropecuários. Segundo os dados do Projeto Campo Futuro, realizado pela CNA/SENAR e CEPEA/Esalq/USP, o custo para a safra 2022/2023, em Luis Eduardo Magalhães/BA, com fertilizante ficou 106% acima e os herbicidas subiram 185%, quando comparado ao mesmo período de 2021. Assim, o custo operacional da cultura se elevou 58,9% naquela cidade. Associado a esse maior custo, observamos que os produtores comercializaram em um ritmo mais lento ao longo deste ano, pegando como exemplo a soja, quando comparamos a comercialização realizada em 2022 (≈ 60% em 2022 e ≈ 50% em 2023, até abril).

A média do preço da soja (em LEM/BA) no primeiro trimestre deste ano ficou 10,8% menor que no mesmo período do ano anterior, assim, produtores rurais que seguraram a comercialização, mesmo com a boa safra colhida, com custo mais alto e preços em queda, viram suas margens reduzirem significativamente.

Foto: Freepik

 

Fonte: Safras e Mercado