Perspectivas de custos de produção para milho e soja na safra 23/24 são preocupantes

4 de julho de 2023

Evento online realizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) mostrou que as perspectivas em torno dos custos de produção e de rentabilidade para as culturas na temporada 2023/24 é bastante preocupante.

Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, Mauro Osaki, os preços registrados para as culturas de soja e de milho recuaram em patamares muito maiores na comparação com o declínio observado nos custos de produção.

No caso da soja, uma análise feita em municípios produtores como Sorriso (MT), Rio Verde (GO), Dourados (MS) e Cascavel (PR) entre janeiro e maio deste ano, mostrou que os custos operacionais efetivos e o custo total recuaram 11,4% e 12%, respectivamente, frente ao mesmo período do ano passado, enquanto a média de preços da saca de soja retrocedeu 18,7%.

Conforme Osaki, apesar de ter havido uma queda de 37,4% nos custos com fertilizantes necessários para a produção de soja entre janeiro e maio deste ano frente ao mesmo período do ano passado, houve um incremento de 0,3% no custo com defensivos agrícolas e de 25,5% no preço das sementes. “Esse movimento acabou compensando uma queda maior nos custos”, explica.

No caso do milho segunda safra, analisando também os municípios de Sorriso (MT), Rio Verde (GO), Dourados (MS) e Cascavel (PR) entre janeiro e maio deste ano, os custos operacionais efetivos e o custo total retrocederam 12,2% e 12,4%, respectivamente, na comparação com os cinco primeiros meses do ano passado, enquanto a média de preços da saca teve uma queda de 24,7%.

Osaki sinaliza que mesmo com o declínio de 36,3% nos custos com fertilizantes necessários para a produção de milho safrinha entre janeiro e maio deste ano frente ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 24,8% no preço das sementes. “Assim como na soja, essa alta acabou prejudicando um recuo maior nos custos para acompanhar a baixa nos preços”, destaca.

Custos para a safra 2023/24 de milho e soja são desafiadores

Osaki enfatiza que a consequência da atual desvalorização nos preços do milho e da soja trazem grandes desafios para a temporada 2023/24.

No caso da soja, a forte desvalorização nos preços no mercado interno tem projetado uma quantidade de soja para saldar o custo operacional efetivo muito próximo ao da média obtida nas últimas safras em localidades como Sorriso (MT), Rio Verde (GO), Dourados (MS), Uberaba (MG), Cascavel (PR) e Carazinho (RS). “Em Sorriso, por exemplo, o custo operacional efetivo poderia chegar a 55 sacas de soja, enquanto a média de produtividade obtida nas últimas cinco safras é de 59 sacas”, disse.

No caso do milho safrinha 2022/23, Osaki disse que a produção deve amargar com prejuízos financeiros, uma vez que houve um descompasso entre a produção do cereal a custos muito elevados e os negócios com preços médios nos últimos meses muito mais baixos. “Isso deve trazer um resultado negativo para as principais praças produtoras”, afirma.

Ele destaca que o custo operacional efetivo da segunda safra de milho 2022/23 em Sorriso (MT) chegou a 159 sacas, bem acima da produtividade média obtida nas últimas cinco safras ficou em 111 sacas por hectare. Já em Cascavel (PR), o custo operacional efetivo ficou em 102 sacas de milho, enquanto a produtividade média das últimas cinco safras é de 93 sacas.

Para a safra verão 2023/24, Osaki ressalta que há uma projeção de rentabilidade bastante preocupante, insuficiente para cobrir os custos econômicos, mesmo com as altas produtividades que costumam ser obtidas, especialmente no Sul do Brasil. “Em Castro (PR), com o atual cenário de preços, o custo operacional efetivo está estimado em 197 sacas de milho, acima da produtividade média obtida nas últimas cinco safras, de 191 sacas por hectare. Já em Luís Eduardo Magalhães (BA) o custo operacional efetivo é estimado, agora em junho, em 154 sacas, enquanto a produtividade média dos últimos cinco anos é de 158 sacas por hectare”, compara.

Já para a safrinha de milho 2023/24, Osaki acrescenta que a produtividade de nivelamento do custo operacional efetivo, até o momento, também ultrapassa a produtividade média obtida nas últimas cinco safras.

Foto: Freepik

 

Fonte: Safras e Mercado