La Niña pode ganhar força até outubro, mas não deve chegar a 2023, diz Rural Clima

4 de julho de 2022

O fenômeno La Niña, que vem influenciando o clima e o regime de chuvas no Brasil, ainda deve ganhar força entre setembro e outubro, mas a tendência é de enfraquecer até o fim do ano e não chegar a 2023. A avaliação é do agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, segundo quem os modelos já indicam mudança na temperatura do Oceano Pacífico.

“Os modelos já sinalizam tendência de neutralidade para o primeiro semestre de 2023. La Niña vai perder força. Está com os dias contados. Ainda está longe de ir embora agora no inverno ou início da primavera, mas não chega no final do ano”, diz ele, em boletim divulgado pelas redes sociais. Ao mesmo tempo, acrescenta, o Oceano Atlântico está aquecendo perto do Sul do Brasil e resfriando no Norte do país.

Pelo menos em julho, acredita Santos, a chuva ainda deve ficar mais concentrada no Sul do Brasil, chegando a outras áreas de produção agrícola do país ao longo dos próximos meses. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao Ministério da Agricultura (Mapa) prevê acumulados abaixo de 160 milímetros no Sul, com exceção do norte do Paraná, onde os volumes devem ser ainda menores: entre 80 milímetros e 100 milímetros.

Ainda de acordo com o Inmet, as áreas mais ao norte da Região Norte e a leste da Região Nordeste devem continuar recebendo volumes acima da média neste mês. A previsão é de chegar aos 140 milímetros. A tendência é de chover mais já nos próximos dias, avalia a Climatempo. As médias podem variar de 100 milímetros a até 300 milímetros.

Os meteorologistas explicam que o Nordeste do Brasil ainda estará sob o efeito de um novo episódio das chamadas ondas de leste, instabilidades que se originam no continente africano e cruzam o Oceano Atlântico até a costa brasileira. Isso traz muita umidade e chuva para o litoral nordestino entre outono e inverno. De forma geral, as ocorrências duram de três a seis dias, mas há casos de dez dias de duração.

O principal ponto de atenção, segundo a Climatempo, é com o Rio Grande do Norte, que deve ter chuva frequente e os maiores volumes previstos. Norte do Maranhão e do Piauí devem ter pancadas de chuva de moderada a forte.

Já a parte central do país deve se manter com pouca chuva neste mês, indica o Instituto Nacional de Meteorologia. Ou mesmo não chover em algumas regiões. “A previsão é de chuvas abaixo de 80 mm, sendo que na região do Matopiba e divisa de Minas Gerais e Goiás, os acumulados de chuva deverão ser mais baixos e em algumas localidades pode não ocorrer registro de chuva”, informa o Inmet, em boletim.

Safra de verão 2022/2023

Para Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, a chuva deve ocorrer mais dentro da normalidade no Matopiba apenas a partir de outubro. Com La Nina ainda um pouco mais forte até a primavera, pode haver um ligeiro atraso nas chuvas nas regiões de produção, mas nada que, em sua avaliação comprometa o plantio da safra de verão 2022/2023.

Depois de um mês de julho com chuva mais concentrada no Sul do Brasil, o agrometeorologista diz acreditar que a tendência é de voltar a chover nas demais áreas do país a partir de setembro, consolidando-se no Brasil central a partir de outubro.

“As chuvas chegam dentro da sua normalidade para cada região do Brasil. Não atrasa tanto como foi 2020, mas não chega tão cedo quanto foi 2021”, diz Santos. “Não acreditamos que a chuva chegue tão tarde. Chega dentro da normalidade. Com algum atraso em algumas áreas, mas começando a chover bem no final de agosto e início de setembro”, acrescenta.

Neste cenário, o produtor de grãos do sul do Brasil deve ter condições de iniciar o plantio já em setembro. Situação semelhante deve ser vista no sul de Mato Grosso do Sul e no Paraguai. Já em Mato Grosso, o agricultor que conseguiu semear a soja logo depois do fim do vazio sanitário no ano passado, deve ter que esperar mais alguns dias neste ano.

“Pode ser que não consiga esse ano porque as chuvas chegam dia 20, 25 (de setembro). Produtor de Goiás que plantou assim que terminou (o vazio sanitário) porque tinha condições, vai ser dia 10, 15 (de outubro)”, diz Santos.

Foto: Unsplash/Reprodução

 

Fonte: Globo Rural