Estados reforçam controle para prevenir gripe aviária

10 de março de 2023

Medidas de reforço para prevenir a gripe aviária foram anunciadas nos últimos dias por diferentes Estados produtores.

O Brasil não tem casos da doença, mas recentemente, foram confirmados focos em aves silvestres e domésticas em países próximos, como Argentina, Bolívia, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Chile e Equador.

No Peru e na Argentina houve registro da doença em criações comerciais de aves de produção.

Em São Paulo, começaram a ser adotadas ações conjuntas entre órgãos da União e do Estado. As medidas foram definidas em reunião em fevereiro entre a Superintendência de Agricultura e Pecuária do Estado (SFA-SP) e a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do governo estadual.

Desde então, as equipes estão em contato com o setor produtivo para repassar as informações necessárias.

De acordo com Fabio Paarman, chefe do Serviço de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal (Sisa-SP), “foram planejadas atividades de conscientização sobre a importância da biosseguridade em granjas para a prevenção da influenza aviária”.

No campo

No dia 2 de março, uma equipe participou de ações em uma granja de reprodução em Paulínia. Participaram 26 produtores, extensionistas, sanitaristas e outros técnicos dos municípios de Paulínia, Amparo e Itapetininga.

São Paulo tem entre 280 e 300 empresas apenas no ramo da reprodução aviária e elas se encontram geograficamente espalhadas pelo Estado. Já as granjas de postura comercial de ovos ficam mais concentradas nas regiões de Bastos e Guatapará.

A produção de frango de corte ocorre em polos como Botucatu, Itapetininga e na região central do Estado. O sistema de videoconferência deve ser adotado para facilitar o acesso a esses públicos.

Necessidade de engajamento

No Paraná, o tema dominou parte das discussões na reunião da Comissão Técnica (CT) de Avicultura da Federação de Agricultura do Estado (Faep), realizada por videoconferência e de forma presencial, na sede do Sistema Faep/Senar, em Curitiba, nesta quinta-feira (9/3).

“Temos que trabalhar com cautela, afinal, até o momento, o Brasil é um país livre de influenza aviária. Porém, esse é um momento para redobrar a atenção, seguir as normas sanitárias nas propriedades e contribuir com as autoridades de fiscalização. A entrada de um vírus como a influenza nas nossas granjas teria impactos extremamente negativos ao setor produtivo e à sociedade paranaense”, alertou o presidente da CT de Avicultura, Diener Santana.

Fábio Mezzadri, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep que acompanha a cadeia de avicultura no Paraná, apresentou um panorama sobre a questão.

Como o Estado é o maior produtor de frango do Brasil e responsável por quase metade das exportações da ave feitas pelo país, isso reforça a importância das ações de prevenção e o engajamento nas iniciativas.

“Estamos em contato com a Agência de Defesa Agropecuária [Adapar] e sabemos que o órgão está fazendo vigilância ativa nas propriedades rurais e nos estabelecimentos comerciais de produção, reprodução e postura”, disse Mezzadri.

Outra medida importante, conforme ele, foi a designação de veterinários da Adapar para dedicação exclusiva e capacidade técnica elevada na área. Além de, desde julho de 2022, o Paraná contar com o Plano de Vigilância para Influenza Aviária.

Como complemento, recentemente, em 27 de fevereiro de 2023, uma portaria proibiu a presença de quaisquer espécies de aves em eventos agropecuários, feiras, exposições, agremiações e atividades afins no Estado por 90 dias.

Outros importantes Estados produtores – Santa Catarina e Rio Grande do Sul – também estão em alerta para prevenir a doença.

No fim de fevereiro, o governo de Santa Catarina suspendeu todos os torneios de canto e exposições de pássaros, assim como a participação de aves em exposições agropecuárias.

A medida se aplica a todo território catarinense por 90 dias. A proibição é válida para todas as espécies de aves de produção criadas para quaisquer finalidades, bem como passeriformes e demais aves silvestres. O Estado hoje é o segundo maior produtor e exportador de carne de aves do Brasil.

No Rio Grande do Sul, o governo também cancelou por 90 dias, a partir do dia 17 de fevereiro, todos os torneios de canto e exposições de pássaros nativos e exóticos, mesmo os que têm autorização emitida.

Prevenção

Nas granjas, a prevenção da entrada da influenza envolve as boas práticas na propriedade. Seguindo as recomendações dos parâmetros técnicos estabelecidos em Instruções Normativas, os produtores reduzem as chances de contaminação dos lotes.

Entre os fatores decisivos para isso estão evitar o contato direto das aves do plantel avícola com aves de vida livre; utilizar cuidados de higiene e desinfecção no ambiente em que as aves vivem; realizar o controle de pessoas e veículos que adentrem o ambiente; não receber nas propriedades pessoas não vinculadas ao setor produtivo; não levar parentes e visitas para conhecer o aviário, mesmo que esteja em período de vazio sanitário; e lavar constantemente as mãos. Veja no quadro abaixo medidas importantes.

Protocolo

Em caso de suspeita da doença, qualquer cidadão pode fazer a notificação no sistema e-Sisbravet ou procurar a unidade da CDA mais próxima pessoalmente ou por telefone. O técnico fará uma análise inicial em até 12 horas. Caso a suspeita seja procedente, será colhida amostra para envio aos laboratórios oficiais do Mapa.

Também está em vigor desde 2022 o plano de vigilância da influenza aviária, que consiste em busca ativa em galinhas, codornas, patos, marrecos e outras aves. Amostras já foram coletadas em granjas comerciais e neste começo de ano o foco são aves de subsistência em áreas de risco, como rotas de aves migratórias.

Foto: Globo Rural

 

Fonte: Globo Rural