Embarque de limão para União Europeia foi normalizado, diz Abrafrutas

20 de julho de 2022

Os embaques de limão para a União Europeia estão normalizados, depois de quase serem suspensos por causa da detecção de cargas da fruta contaminadas com cancro cítrico. A afirmação é de Jorge Souza, diretor de projetos da Associação Brasileira dos Produtores de Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). O bloco recebe 80% do limão exportado pelo Brasil e a doença é vetada por lá.

“Na Abrafrutas, não recebemos nenhuma reclamação de falta de limão para atender a demanda externa. Quem ficou fora da regra, foi suspenso, mas o setor continua exportando normalmente e acreditamos que haverá mais aumento no segundo semestre, já que a Europa demanda no verão mais limão para as bebidas”, diz o executivo.

Mesmo com a rejeição neste ano de quase mil toneladas, o Brasil embarcou 90 mil toneladas de limão (ou lima ácida) no primeiro semestre e a fruta foi o principal destaque na pauta de exportações do setor, com aumento de 12% na receita e 14% em volume na comparação com os primeiros seis meses de 2021.

Questionado nesta terça-feira (19/7) se ainda há risco de suspensão das exportações, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apenas reforçou as informações já enviadas à Globo Rural em 8 de julho, quando disse que comunicou aos europeus que os estabelecimentos envolvidos foram suspensos por 60 dias e as demais medidas de controle serão apresentadas ao final do processo de auditoria para a verificação das irregularidades.

Segundo o Ministério, foram intensificadas as ações internas de inspeção realizadas nos estabelecimentos produtores, processadores (packing houses), portos e aeroportos, inclusive com a utilização de testes rápidos para detecção de cancro. As cargas rejeitadas para a exportação para a UE foram destinadas ao mercado interno, após reprocessamento dos frutos e destruição dos limões contaminados.

São Paulo

Doze das 15 empresas exportadoras com cargas rejeitadas pela presença do cancro são de São Paulo, da região de Catanduva. Acionada pelo Mapa, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento diz que suspendeu as unidades de exportação, vistoriou fazendas e intensificou a fiscalização das cargas e certificações.

“Após a intensificação das ações, as interceptações de cancro cítrico na UE que chegaram a 11 cargas em abril deste ano, caíram para 3 no mês de junho. Essas ações tendem a continuar, pois, os frutos do período chuvoso com maior probabilidade da presença da praga são colhidos e chegam à União Europeia nos próximos meses”, disse em nota Alexandre Paloschi, diretor do Departamento de Defesa Sanitária e Inspeção Vegetal da CDA.

A partir de 1º de agosto, a CDA vai recadastrar todas as empresas exportadoras e propriedades com interesse em exportar para o bloco, único importador que tem requisito fitossanitário para o cancro-cítrico. O Brasil também exporta limão para a Rússia (3%), Reino Unido (15%), Emirados (2%) e Chile (mercado aberto recentemente).

Limão mais caro na Europa

Segundo o site espanhol Freshplaza, as rigorosas medidas fitossanitárias aplicadas nos portos europeus e no Brasil ao limão, ingrediente fundamental nos mojitos e gim-tônicas consumidos no verão europeu, estão fazendo com que a oferta da fruta brasileira seja menor que a habitual. Somado aos problemas logísticos, aumentos constantes de frete e paridade euro-dólar, o resultado é um aumento de preços.

Christian Cuvellier, da importadora francesa Oliver, que comercializa limões de origem brasileira, disse que houve muitos atrasos nas entregas, o que criou uma escassez no mercado e a alta dos preços, especialmente com a chegada do verão. “O interessante dos limões é o suco e a fruta brasileira é realmente de primeira. Preferimos produtos com boa cor e tamanho. Trabalhamos exclusivamente com os limões que chegam de navio, pois não ganharíamos qualidade se trouxessem de avião.”

Na Alemanha, praticamente não há estoque e os lotes que chegam toda semana são vendidos imediatamente, segundo disse um importador holandês. Ele afirma que, com as rígidas medidas fitossanitárias no Brasil, espera-se que os volumes diminuam nas próximas semanas, o que elevará os preços.

Na Itália, o consumo, diz o site, está mais alto. Graças às altas temperaturas, muitas bebidas estão sendo preparadas na praia e nos bares. Ao mesmo tempo, as vendas em supermercados e lojas tradicionais também aumentaram. O país espera a chegada de cerca de 120 contêineres de limão no porto de Roterdã, a maioria vinda do Brasil. No entanto, existe alguma preocupação com escassez da fruta em três semanas devido aos controles fitossanitários no Brasil.

Foto: Getty Images

 

Fonte: Globo Rural