Desigualdade de gênero reforça importância de apoio e acesso ao crédito para as mulheres no campo

17 de novembro de 2021

Homens brancos e com pelo menos 55 anos de idade representam a maior parte da agropecuária no Rio Grande do Sul, contatou um estudo feito pelo pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG-RS) do Governo do Estado. Do total, 71% dos empresários e trabalhadores rurais são do gênero masculino.

O relatório “Desigualdades de gênero dos ocupados com atividades ligadas à agricultura no RS” revela que, no Sul, 59% das mulheres ligadas ao agronegócio estão na faixa de 55 a 75 anos: 30% entre 55 e 64 anos, 21% de 65 a 74 anos e 8% com mais de 75 — o total de gaúchas com mais de 55 anos, na população total, é de 36%. Entre os homens, chega a 55% o percentual de ocupados nos setores ligados à agropecuária com mais de 55 anos, enquanto o percentual femonino dessa faixa etária não passa de 35%.

“Os dados do relatório técnico demonstram a importância de ações que incentivem o empreendedorismo rural e o acesso ao crédito por parte dessas mulheres, além de chamar a atenção para a necessidade de um cuidado especial com saúde mental daquelas que têm ocupações ligadas à agricultura”, afirma a pesquisadora Daiane Menezes.

Além da questão de gênero, os técnicos chamam atenção para a questão racial: os brancos predominam na agropecuária gaúcha, sejam homens (87%) ou mulheres (90%). Os pretos e pardos representam 12% e 10% do total, respectivamente. Na população total do Rio Grande do Sul, os brancos correspondem a 78% entre homens e 80% das mulheres.

“O percentual elevado de brancos na agricultura familiar no RS é reflexo tanto de sua estrutura racial quanto pelo fato de que a maioria dos estabelecimentos vinculados à agricultura familiar está localizada em municípios com predominância de colonização por imigrantes de origem europeia, como italianos, alemães e poloneses”, explica Mariana Lisboa Pessôa.

A maior parte (80,5%) das fazendas gaúchas são classificadas como agricultura familiar — 293,8 mil de 365 mil CNPJs. Nessa modalidade, a liderança feminina é de 12,2%, menos do que a média nacional, em que a proporção é de 19,7% de estabelecimentos rurais chefiados por mulheres.

Quanto à escolaridade dos ocupados em setores ligados à agricultura, o documento mostra que mulheres de mais idade têm menor grau de instrução quando comparadas aos homens de mesma faixa etária. Acima dos 75 anos, 9,6% das mulheres têm menos de um ano de instrução e 90,4%, Ensino Fundamental incompleto, enquanto entre homens da mesma idade 78,7% não chegaram ao Ensino Médio e 3,6% estudaram um ano na vida — 5,2% completaram do Ensino Superior.

Entre as pessoas com idade de 25 a 34 anos, por exemplo, 7,3% das mulheres tinham Ensino Superior completo e 34,6% contavam com Ensino Médio completo, enquanto entre os homens os percentuais eram de 10,4% e 31,1%, respectivamente.

Foto: Marcelo Curia

 

Fonte: Globo Rural