Com baixa oferta, exportações de café recuam 19% em março

13 de abril de 2023

As exportações brasileiras de café caíram 19% em março em relação ao mesmo mês de 2022, para 3,1 milhões de sacas de 60 quilos, informou nesta quarta-feira (12) o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

O faturamento dos embarques foi de US$ 669,5 milhões, uma queda de 26,4% no mesmo comparativo.

No acumulado da safra 2022/23, que começou em julho do ano passado, os embarques registram uma baixa de 9% em volume, totalizando 27,8 milhões de sacas.

Já a receita de US$ 6,4 bilhões é 7,2% maior que a obtida com as exportações realizadas no mesmo intervalo da temporada 2021/22. Assim, o preço médio no atual ciclo, de US$ 230 por saca, está 17,7% superior ao da safra anterior.

O Brasil embarcou 8,358 milhões de sacas no primeiro trimestre deste ano, 22,8% a mais em relação a igual intervalo de 2022. A receita, por sua vez, tombou 27,5%, para US$ 1,8 bilhões.

De todo o café despachado entre janeiro e março, o arábica representou quase 86% — ou 7,2 milhões de sacas. O segmento do solúvel somou 910,5 mil sacas; as variedades canéforas (robusta e conilon), 270,5 mil sacas; e o produto torrado e moído, 10,1 mil sacas.

Impacto do clima

O recuo do volume exportado decorre de uma oferta menor após dois anos de colheitas prejudicadas por longos períodos de estiagem e geadas severas.

“Já não dispomos de remanescentes significativos da safra recorde de 2020, que, eventualmente, compensariam a perda das colheitas 2021 e 2022”, explica Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.

Segundo os dados compilados pelo Cecafé, os embarques de março foram 9% maiores que os de janeiro e 27% superiores aos de fevereiro, o que pode significar um aumento da comercialização do grão.

“É possível que esse fator minimize a queda de volumes embarcados neste último trimestre da safra corrente (abril, maio e junho)”, diz Ferreira.

Um sinal disso é que os contratos futuros do grão para maio deste ano fecharam o pregão da B3 ontem a US$ 245 por saca, quase US$ 20 por saca acima dos papéis de vencimento em setembro, que estão vinculados à próxima safra.

Mercados

O mercado americano continua sendo o principal destino do café brasileiro, tendo importado 1,55 milhão de sacas nos últimos três meses, ou 18,6% do total. Apesar disso, o volume exportado aos EUA caiu 26,6% no comparativo anual.

Na sequência aparecem a Alemanha e a Itália, que compraram 1,1 milhão de sacas (-44,1%) e 644 mil sacas (-35,1%), respectivamente. Para o Cecafé, outro destaque foram as vendas à China, que mais do que dobraram no trimestre, para 185,3 mil sacas.

De acordo com o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, esse movimento reflete uma maior aceitação do produto na China, com consumidores jovens, dispostos a experimentar a bebida, ampliando o consumo local. “O mercado chinês vem crescendo ao longo dos anos e o Brasil vem ocupando espaços”, destaca.

O Cecafé também chamou atenção para o crescimento de 3,3% no volume exportado de cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis, que responderam por 19,9% das exportações totais brasileiras no primeiro trimestre, somando 1,665 milhão de sacas.

Foto: Globo Rural

 

Fonte: Globo Rural