Café inicia agosto com sobe e desce no preço internacional

8 de agosto de 2022

O mês de agosto começou com volatilidade nos preços internacionais do café. Na semana passada, o mercado futuro de arábica, referenciado na Bolsa de Nova York, teve dias de oscilação, com os operadores olhando, de um lado, para os números de produção nas principais regiões cafeeiras e, de outro, para o cenário macroeconômico e como a situação pode afetar a demanda pelo produto.

Em nota divulgada em seu site oficial, na última sexta-feira (5/8) o Conselho Nacional do Café (CNC), avalia que o mercado de café em Nova York (ICE Futures US) vem enfrentando muita especulação, o que interferiu no movimento nos primeiros dias do mês. “Segundo especialistas, a macroeconomia e fatores técnicos tem sido a base de orientação das cotações no curto prazo”, diz o CNC.

Na sexta-feira (5/8), o contrato de café arábica para setembro caiu 9,85 cents de dólar (-4,5%) em relação ao dia anterior e fechou a US$ 2,0945 por libra-peso. O recuo veio depois de três dias seguidos de alta na semana. Na quinta-feira, houve valorização de 2,2%, com vencimento cotado a US$ 2,1930.

Também em boletim, o Escritório Carvalhaes, sediado em Santos (SP), reforça a avaliação de que especulação e “interesses de curto prazo” têm ditado o ritmo das operações na bolsa americana. Um cenário que leva ao que a companhia chama de um “intenso sobe e desce nas cotações.

De um lado, avalia Carvalhaes, há uma expectativa de aperto na oferta de café. A quebra da safra brasileira fica mais evidente à medida que a colheita avança. E o clima está provocando perdas em outras regiões importantes, como a Colômbia, que na semana, passada, anunciou uma redução nas suas estimativas de produção.

No segundo maior produtor de café arábica do mundo, a Federação Nacional dos Cafeicultores divulgou uma redução de 8% na produção acumulada de janeiro a julho deste ano em comparação com o mesmo período em 2021. A colheita é calculada em 6,4 milhões de sacas de 60 quilos. De agosto de 2021 a julho de 2022, foram 12 milhões de sacas, 10% a menos.

De outro lado, o cenário macroeconômico, com aumento da inflação global e expectativas de recessão nas principais economias do mundo são pontos de atenção dos operadores de mercado. Assim como a guerra entre Rússia e Ucrânia e, neste momento, a escalada das tensões entre Estados Unidos e China. São fatores que levam a crer em queda no consumo de café.

“As cotações do café em Nova Iorque não refletem a realidade dos preços no mercado físico mundial. Cafés no padrão exigido para serem certificados na ICE, valem bem mais do que o cotado na ICE. Esse cenário leva a um intenso sobe e desce das cotações do café em Nova Iorque. Interesses de curto prazo e especulação comandam o dia a dia do mercado”, diz o Escritório Carvalhaes.

Em meio a este cenário e com dólar também oscilando em relação ao real, o mercado físico de café no Brasil encerrou a demanda passada com poucas negociações. De acordo com a empresa sediada em Santos, a preocupação maior dos produtores é com o andamento da colheita e as vendas têm se limitado ao necessário para compor o caixa.

Nessas condições, na última sexta-feira (5/8), um cereja descascado bem preparado valia entre R$ 1,4 mil e R$ 1,43 mil a saca de 60 quilos. Um café avaliado de fino a extrafino das regiões da Mogiana Paulista e de Minas Gerais era cotado de R$ 1,33 mil a R$ 1,37 mil a saca. Já um café mais duro, de xícara mais fraca, era cotado de R$ 1,26 mil a R$ 1,28 mil a saca.

Foto: Reuters

 

Fonte: Globo Rural