Alta de preços de lentilha e ervilha pressiona custos da indústria de alimentos plant-based

12 de novembro de 2021

O aumento de custos que atingiu diversos setores do agronegócio não poupou a indústria de produtos à base de plantas. Os chamados plant-based, produtos substitutos de proteínas animais, também vem sentindo os efeitos da oferta e demanda mais apertada e do aumento de preços de itens usados como matérias-prima, como ervilha, lentilha e grão-de-bico.

De janeiro de 2020 a outubro de 2021, a ervilha passou de US$ 650 a US$ 950 a tonelada no Porto de Santos, segundo o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe). Já o preço da lentilha foi de US$ 685 para US$ 1.400 por tonelada no período. Maior produtor mundial (37%), o Canadá atingiu o menor nível de oferta em 2021, com perda de 31%. As exportações canadenses estão em torno de 1,8 milhões de toneladas na safra atual, ante 2,3 milhões na última temporada.

Os pulses, como são chamadas essas leguminosas, estão mais caros porque a oferta estrangeira está mais enxuta. Marcelo Lüders, presidente do Ibrafe, destaca ainda que a produção de feijão também vem caindo na América do Norte. “A oferta ficará mais enxuta no mercado internacional”, destaca. Nos Estados Unidos e no Canadá, houve perdas de 17% em área e 19% na produtividade na safra 2021/2022, diz ele.

“Os preços seguem apertados, o que é uma realidade não somente nossa, mas de toda a indústria de alimentos”, observa Sérgio Pinto, diretor de Inovação e Novos Negócios da BRF. Marca da companhia, a Sadia entrou no mercado de plant-based ano passado, com dois itens e proteína importada. Neste ano, ampliou o portfólio para dez opções, buscando as matérias-primas no próprio país.

Hoje, hambúrgueres vegetais e outros produtos meat-free custam três vezes mais que os tradicionais, à base de carne. Apesar da alta de custos, representantes da indústria afirmam que têm conseguido segurar o repasse para o preço final dos produtos que chegam no varejo. “A gente está conseguindo segurá-los por uma questão de nacionalização dos itens”, pondera Pinto. “Nossos preços estão nos mesmos níveis de quando a categoria surgiu, em 2019”, acrescenta.

Foodtech criada naquele ano, a R&S Blumos produz proteína vegetal a partir de soja, ervilha e feijão. É um dos principais fornecedores de comida plant-based no país Responsável pela “tinta proteica”, isto é, a base vegetal do frango meat-free da BRF, a companhia produz 100 toneladas de proteína vegetal por mês, na linha de produção principal, com planos de chegar a 500 toneladas, por meio da extrusão seca ou úmida do grão e pulses.

Foto: Getty images

 

Fonte: Globo Rural