Algodão pode passar de 3 milhões de toneladas na safra 2022/23

3 de março de 2023

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estima que a produção de algodão na safra 2022/23 passe de 3 milhões de toneladas, o que representaria aumento de 17,6% sobre o volume do período anterior, quando foram produzidas 2,55 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com a Abrapa, em 20 anos a única vez que a produção nacional de algodão ultrapassou a marca das 3 milhões de toneladas foi na temporada 2019/20. Em relação à área plantada, o índice é 1,65 mihão de hectares, com produtividade média em torno de 1.827 quilos por hectare.

A entidade fez questão de ressaltar que ainda se trata de uma estimativa, e que a confirmação desses resultados vai depender bastante do clima daqui para frente. Em Mato Grosso, estado brasileiro que mais produz algodão, o plantio de 1,18 milhão de hectares foi concluído só recentemente, no limite da janela permitida, por conta do atraso da colheita da soja.

O plantio na Bahia, segundo maior produtor, chegou a 312 mil hectares, o que representa expansão de 1,8% sobre a safra 2021/22. Segundo a Abrapa, as lavouras têm se desenvolvido bem até o momento.

Superação

Para o ex-presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, esses resultados representam a resiliência do setor, pois o momento é bastante desafiador para a atividade. Os agricultores enfrentam custos altos – os mais elevados da história, segundo a entidade – e ainda esperam uma contribuição do clima.

“Estamos na metade do ciclo do algodão e ainda precisamos de muita chuva até o final. Dependemos da produtividade para compensar uma safra plantada com custos muito altos, e ter rentabilidade satisfatória”, afirmou Busato.

Essa alta dos custos de produção, que afeta todas as cadeias agrícolas, foi causada, sobretudo, pelo aumento nos preços dos fertilizantes, insumo essencial. Considerando-se que o algodão é uma cultura bastante exigente, abrir mão da tecnologia não é uma opção.

O presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, acredita que essa superação leva ao mercado como um todo, nacional e global, uma mensagem importante sobre o algodão brasileiro. “Não apenas mantivemos nossa área, quando a situação se tornou desfavorável, como até tivemos um pequeno incremento”, disse o executivo.

Quando às exportações brasileiras, a estimativa da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea) é de 1,71 milhão de toneladas na temporada 2022/23. “Fizemos uma força-tarefa para superar gargalos relacionados à infraestrutura e trazer previsibilidade à organização do fluxo de exportação”, comentou o presidente da entidade, Henrique Snitcovski.

Foto: Ernesto de Souza / Ed. Globo

 

Fonte: Globo Rural