Confinamento de bovinos em Mato Grosso pode aumentar 51,09% em 2024

14 de maio de 2024

O Imea realizou, ao longo de abril/24, o primeiro levantamento das intenções de confinamento em Mato Grosso para 2024. No levantamento, foi constatado que 74,14% dos entrevistados já haviam decidido por realizar a terminação em confinamento. Com isso, dentre os entrevistados, a perspectiva é que 724,90 mil cabeças bovinas sejam terminadas por meio do confinamento, aumento de 51,09% em relação ao volume levantado em abril/23 pelo instituto.

Essa alta se deu, principalmente, pela redução no custo da diária confinada, que fechou em R$ 12,21/cab/dia, recuo significativo em relação aos anos anteriores, retornando aos patamares de 2021 (período antes da alta no preço do milho). Além disso, o menor custo com aquisição de animais também contribuiu com a alta nas intenções de confinar.

Apesar do maior interesse dos pecuaristas em fechar a boiada no confinamento e do menor custo de produção, a baixa lucratividade foi a principal preocupação entre os agentes do setor. Isso se deve, ainda, em função da intensa desvalorização nos preços do boi gordo ao longo dos últimos dois anos.

Diferente do que foi observado nos últimos levantamentos, pela primeira vez o percentual de confinadores já decididos a confinar, ainda no primeiro levantamento do ano, superou a marca de 70%. Assim, em abril/24, 74,14% dos confinadores entrevistados pelo Imea já haviam decidido a realizar a terminação do gado em confinamento, seguidos de 18,97% decididos a não confinar e 6,90% que ainda não haviam decidido. Dessa forma, o volume total de bovinos a serem terminados por meio do confinamento ficou em 724,90 mil cabeças, entre os 58 pecuaristas que participaram da pesquisa no primeiro levantamento, volume 30,57% superior ao consolidado de 2023 (segundo os dados levantados em outubro/23).

A previsão de envio dos animais para abate mantém-se concentrada no 2º semestre do ano, com 57,27% do total de gado projetado para engorda em confinamento ao longo de 2024 sendo enviados para as indústrias entre os meses de julho e dezembro, com destaque para novembro/24, com 10,39% do total confinado no ano presente nas indústrias. O confinamento continua como o principal sistema de engorda utilizado pelos informantes, no qual 74,55% dos entrevistados afirmaram realizar a terminação por meio deste sistema. Em seguida o semi-confinamento, utilizado por 40,00% dos pecuaristas e, por fim, a TIP (Terminação Intensiva a Pasto), que foi pontuada por 27,27% dos informantes. As respostas não somam 100,00% uma vez que os entrevistados podiam optar por mais de um sistema de terminação.

Com a redução no preço médio dos insumos, o custo da diária caiu para R$ 12,21/cab/dia (considerando custo operacional + alimentar). Essa redução representou o menor custo da diária registrado nos últimos 3 anos, quando comparado aos levantamentos de abril. Tal diminuição foi impulsionada pela maior desvalorização nos preços do milho em relação ao boi gordo, fortalecendo a relação de troca do pecuarista. Para se ter ideia, considerando os preços médios de abril/24, a relação de troca entre os produtos ficou em 5,95 sacas de milho/@ de boi gordo, retornando aos patamares vistos em 2019. Tamanho é o impacto do preço do milho na diária confinada que, nos anos de 2021 e 2022, quando o cereal foi precificado em média a R$ 71,14/sc e R$ 67,64/sc, respectivamente, a diária esteve nos maiores valores.

Apesar da redução no custo da diária confinada, a baixa lucratividade ainda é uma preocupação central entre os informantes (32,38%), seguida pelo preço do boi gordo (31,43%). Esta situação pode ser reflexo do período de baixa que os preços do boi gordo alcançaram em setembro/23, quando chegaram a R$ 178,50/@. O volume de animais confinados está intimamente ligado aos preços médios do boi gordo, como evidenciado pelo gráfico que mostra a evolução do rebanho confinado em relação à variação anual nos preços do boi gordo.

Dessa forma, nos últimos anos, no qual o mercado pecuário estava em desvalorização, o movimento dos confinadores foi de redução no volume de bovinos terminados em confinamento. Em 2024, no entanto, os pecuaristas demonstraram maior interesse pela atividade. Fatores como a redução no custo da diária e no ágio do boi magro justificam o maior ânimo dos confinadores este ano. Além do custo da diária confinada, a aquisição de animais também possui participação significativa no custo de produção de confinamento. Esse foi outro item que se tornou mais atrativo aos confinadores no início de 2024. Para se ter ideia, em abril/24, com o boi magro cotado a R$ 222,64/@, o ágio da arroba do boi magro sobre a arroba do boi gordo, após a alta significativa entre os anos de 2021 e 2022, atingiu o menor nível para um mês de abril da década.

Assim, o indicador ficou em 7,60% na média do último mês, reforçando o fortalecimento no poder de compra dos pecuaristas nos dois principais componentes do custo de produção (alimentar e aquisição de animais). Isso explica o porquê de, apesar da baixa atratividade nos preços da arroba do boi gordo, os confinadores parecem ter “puxado fôlego” para retomar a operação.

Quando comparado aos dados do levantamento de abril/23, a pesquisa desse ano mostrou que houve um avanço considerável no percentual de pecuaristas que optaram pela proteção de preços, especialmente por meio da adesão a contratos a termo. No último ano (em abril/23), apenas 8,62% dos produtores optaram por essa modalidade, enquanto em abril/24 esse número saltou para 21,43%. Em relação ao uso da B3, 18,52% dos pecuaristas informaram realizar operações nessa plataforma no levantamento de abril/24. Mesmo em um ano de incertezas quanto aos preços do boi gordo, a adesão a algum mecanismo de proteção de preços ainda se manteve próxima ao observado no ano passado. As informações são do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Foto: Freepik

 

Fonte: Safras e Mercado